A
DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
POLUIÇÃO
1- O que é poluição
Dá-se o nome de poluição a qualquer
degradação (deterioração, estrago) das condições ambientais, do habitat de uma
coletividade humana. É uma perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em
decorrência de mudanças ambientais. São chamados de poluentes os agentes que
provocam a poluição, como um ruído excessivo, um gás nocivo na atmosfera,
detritos que sujam os rios ou praias ou ainda um cartaz publicitário que
degrada o aspecto visual de uma paisagem. Seria possível relacionar centenas de
poluentes e os tipos de poluição que ocasionam, mas vamos citar apenas mais
dois exemplos.
Um deles são os agrotóxicos (DDT,
inseticidas, pesticidas), muito utilizados para combater certos microorganismos
e pragas, em especial na agricultura. Ocorre que o acúmulo desses produtos
acaba por contaminar os alimentos com substâncias nocivas à saúde humana, às
vezes até cancerígenas. Outro exemplo é o das chuvas ácidas, isto é,
precipitações de água atmosférica carregada de ácido sulfúrico e de ácido
nítrico. Esses ácidos, que corroem rapidamente a lataria dos automóveis, os
metais de pontes e outras construções, além de afetarem as plantas e
ocasionarem doenças respiratórias e da pele nas pessoas, são formados pela
emissão de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio por parte de certas
indústrias. Esses gases, em contato com a água da atmosfera, desencadeiam
reações químicas que originam aqueles ácidos. Muitas vezes essas chuvas ácidas
vão ocorrer em locais distantes da região poluidora, inclusive em países
vizinhos, devido aos ventos que carregam esses gases de uma área para outra.
O problema da poluição, portanto, diz respeito à
qualidade de vida das aglomerações humanas. A degradação do meio ambiente do
homem provoca uma deterioração dessa qualidade, pois as condições ambientais
são imprescindíveis para a vida, tanto no sentido biológico como no social.
2- A revolução industrial e a poluição.
Foi a partir da revolução industrial
que a poluição passou a constituir um problema para a humanidade. É lógico que
já existiam exemplos de poluição anteriormente, em alguns casos até famosos (no
Império Romano, por exemplo). Mas o grau de poluição aumentou muito com a
industrialização e urbanização, e a sua escala deixou de ser local para se
tornar planetária. Isso não apenas porque a indústria é a principal responsável
pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, mas também porque a Revolução
Industrial representou a consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema
sócio-econômico dominante hoje no espaço mundial. E o capitalismo, que tem na
indústria a sua atividade econômica de vanguarda, acarreta urbanização, com
grandes concentrações humanas em algumas cidades. A própria aglomeração urbana
já é por si só uma fonte de poluição, pois implica numerosos problemas
ambientais, como o acúmulo de lixo, o enorme volume de esgotos, os
congestionamentos de tráfego etc.
Mas o importante realmente é que o
capitalismo é um sistema econômico voltado para a produção e acumulação
constante de riquezas. E tais riquezas nada mais são do que mercadorias, isto
é, bens e serviços produzidos - geralmente em grande escala - para a troca,
para o comércio. Praticamente tudo que existe, e tudo o que é produzido, passa
a ser mercadoria com o desenvolvimento do capitalismo. Sociedades, indivíduos,
natureza, espaço, mares, florestas, subsolo: tudo tem de ser útil economicamente,
tudo deve ser utilizado no processo produtivo. O importante nesse processo não
é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros a curto prazo. Assim
derrubam-se matas sem se importar com as conseqüências a longo prazo; acaba-se
com as sociedades preconceituosamente rotuladas de “primitivas”, porque elas
são vistas como empecilhos para essa forma de “progresso”, entendido como
acumulação constante de riquezas, que se concentram sempre nas mãos de alguns.
A partir da Revolução Industrial,
com o desenvolvimento do capitalismo, a natureza vai pouco a pouco deixando de
existir para dar lugar a um meio ambiente transformado, modificado, produzido
pela sociedade moderna. O homem deixa de viver em harmonia com a natureza e
passa a dominá-la, dando origem ao que se chama de segunda natureza: a natureza
modificada ou produzida pelo homem - como meio urbano, por exemplo, com seus
rios canalizados, solos cobertos por asfalto, vegetação nativa completamente
devastada, assim como a fauna original da área, etc. - , que é muito diferente
da primeira natureza, a paisagem natural sem intervenção humana.
Contudo, esse domínio da tecnologia
moderna sobre o meio natural traz conseqüências negativas para a qualidade da
vida humana em seu ambiente. O homem, afinal, também é parte da natureza,
depende dela para viver, e acaba sendo prejudicado por muitas dessas
transformações, que degradam sua qualidade de vida.
3.
A POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
Desde os tempos mais remotos o homem
costuma lançar seus detritos nos cursos de água. Até a Revolução Industrial,
porém, esse procedimento não causava problemas, já que os rios, lagos e oceanos
têm considerável poder de autolimpeza, de purificação. Com a industrialização,
a situação começou a sofrer profundas alterações. O volume de detritos
despejados nas águas tornou-se cada vez maior, superando a capacidade de
purificação dos rios e oceanos, que é limitada. Além disso, passou a ser
despejada na água uma grande quantidade
de elementos que não são biodegradáveis, ou seja, não são decompostos pela
natureza. Tais elementos - por exemplo, os plásticos, a maioria dos detergentes
e os pesticidas - vão se acumulando nos rios, lagos e oceanos, diminuindo a
capacidade de retenção de oxigênio das águas e, consequentemente, prejudicando
a vida aquática.
A água empregada para resfriar os
equipamentos nas usinas termelétricas e atomelétricas e em alguns tipos de
indústrias também causa sérios problemas de poluição. Essa água, que é lançada
nos rios ainda quente, faz aumentar a temperatura da água do rio e acaba
provocando a eliminação de algumas espécies de peixes, a proliferação excessiva
de outras e, em alguns casos, a destruição de todas.
Um dos maiores poluentes dos oceanos
é o petróleo. Com o intenso tráfego de navios petroleiros, esse tipo de
poluição alcança níveis elevadíssimos. Além dos vazamentos causados por
acidente, em que milhares de toneladas de óleo são despejados na água, os
navios soltam petróleo no mar rotineiramente, por ocasião de lavagem de seus
reservatórios. Esses resíduos de
petróleo lançados ao mar com a água da lavagem representam cerca de 0,4 a 0,5%
da carga total.
4. A
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A poluição atmosférica
caracteriza-se basicamente pela presença de gases tóxicos e partículas sólidas
no ar. As principais causas desse fenômeno são a eliminação de resíduos por
certos tipos de indústrias (siderúrgicas, petroquímicas, de cimento, etc.) e a
queima de carvão e petróleo em usinas, automóveis e sistemas de aquecimento
doméstico.
O ar poluído penetra nos pulmões,
ocasionando o aparecimento de várias doenças, em especial do aparelho
respiratório, como a bronquite crônica, a asma e até o câncer pulmonar. Esses
efeitos são reforçados ainda pelo consumo de cigarros.
Nos grandes centros urbanos,
tornam-se freqüentes os dias em que a poluição do ar atinge níveis críticos,
seja pela ausência de ventos, seja pelas inversões térmicas, que são períodos
nos quais cessam as correntes ascendentes do ar, importantes para a limpeza dos
poluentes acumulados nas camadas próximas à superfície.
A maioria dos países capitalistas
desenvolvidos já possui uma rigorosa legislação antipoluição, que obriga certas
fábricas a terem equipamentos especiais
(filtros, tratamento de resíduos, etc.) ou a usarem processos menos poluidores.
Nesses países também é intenso o controle sobre o aquecimento doméstico a
carvão, o escapamento dos automóveis, etc. Tais procedimentos alcançam
resultados consideráveis, embora não eliminem completamente o problema da
poluição do ar. Por exemplo, pesquisas realizadas há alguns anos mostraram que
chapas de ferro se corroem muito mais rapidamente em São Paulo do que em
Chicago, apesar de esta metrópole norte-americana possuir maior quantidade de
indústrias e automóveis em circulação.
Calcula-se que a poluição do ar
tenha provocado um crescimento de teor de gás carbônico na atmosfera, que teria
sofrido um aumento de 14% entre 1830 e 1930. Hoje em dia esse aumento é de
aproximadamente 0,3% ao ano. Os desmatamentos contribuem bastante para isso,
pois a queima das florestas produz grande quantidade de gás carbônico. Como o
gás carbônico tem a propriedade de absorver calor, pelo chamado “efeito estufa”
, um aumento da proporção desse gás na atmosfera pode ocasionar um aquecimento
da superfície terrestre. Efeito estufa: ação que certos gases exercem sobre a
radiações do calor da terra, interceptando-as e transmitindo-as de volta a
superfície.
Baseados nesse fato, alguns
cientistas estabeleceram a seguinte hipótese: com a elevação da temperatura
média na superfície terrestre, que no início do século XXI será 2ºC mais alta
do que hoje, o gelo existente nas zonas polares (calotas polares) irá se
derreter. Consequentemente, o nível do mar subirá cerca de 60 m, inundando a
maioria das cidades litorâneas de todo o mundo. Alguns pesquisadores pensam
inclusive que esse processo já começou a ocorrer a partir do final da década de
80. Os verões da Europa e até da América têm sido a cada ano mais quente e
algumas medições constataram um aumento pequeno, de centímetros, do nível médio
do mar em algumas áreas litorâneas. Todavia, esse fato não é ainda admitido por
grande parte dos estudiosos do assunto.
Outra importante conseqüência da
poluição atmosférica é o surgimento e a expansão de um buraco na camada de
ozônio, que se localiza na atmosfera - camada atmosférica situada entre 20 e 80
Km de altitude.
O ozônio é um gás que filtra os
raios ultravioleta do Sol. Se esses raios chegassem à superfície terrestre com
mais intensidade provocariam queimaduras na pele, que poderiam até causar
câncer, e destruiriam as folhas das árvores. O gás CFC - clorofluorcarbono -,
contido em sprays de desodorantes ou inseticidas, parece ser o grande
responsável pela destruição da camada de ozônio. Por sorte, esses danos foram
causados na parte da atmosfera situada acima da Antártida. Nos últimos anos
esse buraco na camada de ozônio tem se expandido constantemente.
5.
OS PROBLEMAS
AMBIENTAIS DOS GRANDES CENTROS
De modo geral, os problemas
ecológicos são mais intensos nas grandes cidade que nas pequenas ou no meio rural. Além da poluição
atmosférica, as metrópoles apresentam outros problemas graves:
n
Acúmulo de
lixo e de esgotos. Boa parte dos
detritos pode ser recuperada para a
produção de gás (biogás) ou adubos, mas isso dificilmente acontece.
Normalmente, esgotos e resíduos de indústrias são despejados nos rios. Com
freqüência esses rios “morrem” (isto é, ficam sem peixe) e tornam-se imundos e
malcheirosos. Em algumas cidades, amontoa-se o lixo em terrenos baldios, o que
provoca a multiplicação de ratos e insetos.
n
Congestionamentos freqüentes,
especialmente nas áreas em que os automóveis particulares são muito mais
importantes que os transportes coletivos muitos moradores da periferia das
grandes cidades dos países do Sul, em sua maioria de baixa renda, gastam três
ou quatro horas por dia só no caminho para o trabalho.
n
Poluição
sonora, provocada pelo excesso de
barulho (dos veículos automotivos, fábricas, obras nas ruas, grande movimento
de pessoas e propaganda comercial ruidosa). Isso pode ocasionar neuroses na
população, além de uma progressiva diminuição da capacidade auditiva.
n
Carência de
áreas verdes (parques, reservas
florestais, áreas de lazer e recreação, etc.). Em decorrência de falta de áreas
verdes agrava-se a poluição atmosférica, já que as plantas através da
fotossíntese, contribuem para a renovação do oxigênio no ar. Além disso tal
carência limita as oportunidades de lazer da população, o que faz com que
muitas pessoas acabem passando seu tempo livre na frente da televisão, ou
assistindo a jogos praticados por esportistas profissionais (ao invés de eles
mesmos praticarem esportes).
n
Poluição
visual, ocasionada pelo grande número
de cartazes publicitários, pelos edifícios que escondem a paisagem natural,
etc.
Na realidade, é nos grandes centros
urbanos que o espaço construído pelo homem, a segunda natureza, alcança seu
grau máximo. Quase tudo aí é artificial; e, quando é algo natural, sempre acaba
apresentando variações, modificações provocadas pela ação humana. O próprio
clima das metrópoles - o chamado clima urbano - constitui um exemplo disso. Nas
grandes aglomerações urbanas normalmente faz mais calor e chove um pouco mais
que nas áreas rurais vizinhas; além disso, nessas áreas são também mais comuns
as enchentes após algumas chuvas. As elevações nos índices térmicos do ar são
fáceis de entender: o asfaltamento das ruas e avenidas, as imensas massas de
concreto, a carência de áreas verdes, a presença de grandes quantidades de gás
carbônico na atmosfera (que provoca o efeito estufa), o grande consumo de
energia devido à queima de gasolina, óleo diesel querosene, carvão, etc., nas
fábricas, residências e veículos são responsáveis pelo aumento de temperatura
do ar. Já o aumento dos índices de pluviosidade se deve principalmente à grande
quantidade de micropartículas (poeira, fuligem) no ar, que desempenham um papel
de núcleos higroscópicos que facilitam a condensação do vapor de água da
atmosfera. E as enchentes decorrem da dificuldade da água das chuvas de se
infiltrar no subsolo, pois há muito asfalto e obras, o que compacta o solo e
aumenta sua impermeabilização.
Todos esses fatores que provocam um
aumento das médias térmicas nas metrópoles somados aos edifícios que barram ou
dificultam a penetração dos ventos e à canalização das águas - fato que diminui
o resfriamento provocado pela evaporação - conduzem à formação de uma ilha de
calor nos grandes centros urbanos. De fato, uma grande cidade funciona quase como uma “ilha” térmica em relação às
suas vizinhanças, onde as temperaturas são normalmente menores. Essa “ilha de calor” atinge o seu pico, o seu grau
máximo, no centro da cidade.
A grande concentração de poluentes
na atmosfera provoca também uma diminuição da irradiação solar que chega até a
superfície. Esse fato, juntamente com a fraca intensidade dos ventos em certos
períodos, dá origem às inversões térmicas.
O fenômeno da inversão térmica -
comum, por exemplo, em São Paulo, sobretudo no inverno - consiste no seguinte:
o ar situado próximo à superfície, que em condições normais é mais quente que o
ar situado bem acima da superfície, torna-se mais frio que o das camadas
atmosféricas elevadas. Como o ar frio é mais pesado que o ar quente, ele impede
que o ar quente, localizado acima dele, desça. Assim, não se formam correntes
de ar ascendentes na atmosfera. Os resíduos poluidores vão então se
concentrando próximo da superfície, agravando os efeitos da poluição, tal como
irritação nos olhos, nariz e garganta dos moradores desse local. As inversões
térmicas são também provocadas pela penetração de uma frente fria, que sempre
vem por baixo da frente quente. A frente pode ficar algum tempo estagnada no
local, num equilíbrio momentâneo que pode durar horas ou até dias.
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