Cronologia:
Século XIXPortugal: Publicação de Oaristo (1890) de Eugênio de Castro.
1915: Ano da Proclamação da República, com a publicação da Revista Orpheu.
Brasil:
1893, com a publicação de Missal e de Broquéis de Cruz e Sousa. Cabe lembrar
que a poesia simbolista não teve no Brasil a mesma aceitação que na Europa. A
divulgação dessa estética ocorreu paralela ao Parnasianismo. 1902, com a publicação de Canaã, de Graça Aranha.
Origem:
Em 1857, na França, Charles Baudelaire (1821-1867) publicou As Flores do
Mal e em 1866 saiu o primeiro número da antologia Le Parnasse
Contemporain. Nesta, foram expostas tanto composições simbolistas quanto
produções parnasianas. A poesia simbolista está ligada à idéia de
decadência, daí seu primeiro nome ter sido Decadentismo; só mais tarde essa
nova estética passou a chamar-se Simbolismo. Jean Moréas, teórico do grupo, em
1886 publicou um artigo chamado O século XX, que definia o movimento como
"não tanto em seu tom decadente quanto em seu caráter simbólico";
essa publicação colocou um ponto final na nomeação da nova estética, que passou
a chamar-se Simbolismo. Tendo por base as idéias de Moréas, Eugênio de Castro
lançou o movimento em Portugal com Oaristo; o nome dessa obra, em grego,
significa "Diálogo intímo". No Brasil, o movimento chegou, sem
influências portuguesas, com a publicação de Missal e de Broqueis,
ambas de Cruz e Souza.
Características:
O Simbolismo representa uma espécie de volta ao Romantismo, especificamente
ao "mal do século", que marcou a segunda fase romântica. Mas o
mergulho simbolista no universo metafísico foi mais profundo que a imersão no
movimento anterior. Os simbolistas buscavam integrar a poesia na vida cósmica,
usando uma linguagem indireta e figurada. Cabe ainda ressaltar que a diferença
entre o Simbolismo e o Parnasianismo não está primeiramente na forma, já que
ambos empregam certos formalismos (uso do soneto, da métrica tradicional, das
rimas ricas e raras e de vocabulário rico), mas no conteúdo e na visão de mundo
do artista. Apesar de seguir alguns efeitos estéticos do Parnaso, esse
movimento desrespeitou a gramática tradicional com o intuito de não
limitar a arte ao objeto, trabalhando conteúdos místicos e sentimentais, usando
para tanto a sinestesia (mistura de sensações: tato, visão, olfato...). Essa
corrente literária deu atenção exclusiva à matéria submersa do"eu",
explorando-a por meio de uma linguagem pessimista e musical, na qual a carga
emotiva das palavras é ressaltada; a poesia aproxima-se da música usando
aliterações.
Autores portugueses
Eugênio de Castro (1869/1944)
Motivado pela influência recebida em sua estada na França, Castro, formado
em Letras na Universidade de Coimbra, inaugura o Simbolismo português com Oaristo,
cuja técnica é baseada na poesia de Paul Verlaine. Massaud Moisés, estudioso da
Literatura, assinala que, apesar de fazer uso de prefácios polêmicos e
agressivos para inserir os pressupostos da estética simbolista em seus livros,
esse artista revela uma tendência inata para o equilíbrio clássico, para a
contenção e para o formalismo de tradição. Essa tendência vai substituindo de
forma gradativa a postura simbolista.
Características
A produção literária de Eugênio de Castro apresenta versos livres,
vocabulário erudito, pessimismo e ambigüidade nos temas
trabalhados(blasfêmias-liturgia; ocultismo-catolicismo).
Obras:
Oaristo (1890), Horas (1891), Silva e Interlúdio (1894).
Antônio Nobre (1867/1900)
Em 1892, Nobre, advogado formado em Paris, publica sua obra mais importante:
Só, uma coletânea de poemas em que utiliza uma linguagem coloquial,
para voltar ao passado, à infância. Sua produção revela uma
hipersensibilidade, um forte sentimento de tristeza e de completa inadaptação
ao mundo. Suas descrições são preenchidas por ambientes vagos ou nebulosos; por
esses motivos, o poeta é chamado de crepuscular, ou seja, um artista
voltado para as horas de recolhimento.
Características:
A produção literária de Antônio Nobre apresenta vocabulário simples, temas
coloquiais, apego à terra, às raízes populares; descrição de seu exílio
parisiense e egocentrismo.
Obras:
Só (1892), Despedidas (1902), Primeiros Versos (1921) e
Alicerces (1983).
Camilo Pessanha (1871/1926)
Pessanha, estudioso da civilização chinesa, morreu em Macau. É considerado o
maior simbolista português. Alguns de seus poemas foram publicados na
revista Centauro em 1916, graças ao interesse e esforço de João de
Castro Osório. Mais tarde, em 1920, conseguindo outras composições às quais
reuniu as já publicadas, publicou Clepsidra. O nome da obra significa relógio
movido a água.
Características:
Suas composições trabalham temas sentimentais, apresentam uma musicalidade
marcante e uma postura de resignação diante da adversidade. Esse quadro compõe
imagens fugidias, carregadas de pessimismo, e transitoriedade da vida.
Obra:
Clepsidra (1920).
Autores brasileiros
Cruz e Souza
Nasceu em Santa Catarina, no ano de 1861 e faleceu em Minas Gerais, em 1898.
Apesar de ser filho de negros escravos, teve uma excelente educação, falava
francês, latim e grego. Foi nomeado promotor em Laguna, SC, mas não assumiu seu
posto, devido a preconceitos raciais. Em 1886, mudou-se para o Rio de Janeiro,
trabalhando como arquivista da Central do Brasil e secretário e ponto de uma
companhia dramática. Em 1885, publicou um volume intitulado Tropos e
Fantasias, em colaboração com Virgílio Várzea, com quem já tinha dirigido
um jornal abolicionista, o Tribuna Popular. Em 1893, lançou Missal e Broquéis.O poeta teve quatro filhos; destes, morreram dois. Sua mulher enlouqueceu; além disso, a família tinha uma péssima situação econômica. Todos esses acontecimentos afetaram profundamente a vida desse artista, que morreu tuberculoso em 1898.
Características:
Sua produção literária é carregada ora de erotismo e satanismo, ora sde
misticismo. As composições apresentam uma visão trágica da vida e busca
de transcedência (eu x mundo). O poeta, usando um vocabulário litúrgico e
apresentando obsessão pela cor branca, cria analogias e correspondências entre
o concreto e o abstrato.
Obras:
Tropos e FantasiasMissal e Broquéis, 1893 (poesia)
Evocações, 1898 (prosa)
Faróis, 1900 (poesia)
Últimos Sonetos, 1905 (poesia)
Alphonsus de Guimaraens
(O solitário de Mariana ou O Poeta Lunar)Nasceu em Ouro Preto (1870) e faleceu em Mariana, Minas Gerais, em 1921.
Formou-se em Direito, tendo sido promotor e juiz. A noiva morreu quando ambos tinham dezoito anos; ele nunca superou este ocorrido, apesar de ter-se casado e ter tido quatorze filhos. Viveu isolado do mundo literário de sua época, o que lhe valeu o apelido de "O solitário de Mariana".
Características:
Sua obra revela um apelo constante à memória e à imaginação, os versos são
melancólicos, dotados de uma musicalidade marcante. Religião, Natureza e Arte
servem de apoio para a exploração de seu tema preferido: a morte da amada.
Obras:
Setenário das Dores de Nossa Senhora (1899)Câmara Ardente (1899)
Dona Mística (1899)
Kyriale (1902)
Pauvre Lyre (1921)
Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte (1923)
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