UM
PROBLEMA MUNDIAL
Um fato que ficou claro desde os
anos 70 é que o problema ambiental, embora possa apresentar diferenças
nacionais e regionais, é antes de mais nada planetário, global. A longo prazo,
de nada adianta, por exemplo, transferir indústrias poluidoras de uma área (ou
país) para outra, pois do ponto de vista da biosfera nada se altera. Não
podemos esquecer que a atmosfera é uma só, que as águas se interligam (o ciclo
hidrológico), que os ventos e os climas são planetários.
Vamos imaginar que estamos numa
enorme casa, com todas a janelas e portas fechadas, e há uma fogueira num
quarto nobre envenenando o ar. Alguém propõe então transferir a fogueira para
outro quarto, considerado menos nobre. Isso elimina o problema de ar
contaminado? Claro que não. No máximo pode dar a impressão de que por algum
tempo melhorou a situação dos que ocupam o quarto nobre. Todavia, depois de um
certo período (horas ou dias), fica evidente que o ar da casa é um só e que a
poluição num compartimento propaga-se para todo o conjunto. A biosfera, onde se
inclui o ar que respiramos, as águas e todos os ecossistemas, é uma só apesar
de muito maior que essa casa hipotética. O ar, embora exista em grande
quantidade, na realidade é limitado e interligado em todas as áreas. Poderíamos
abrir portas e janelas daquela casa, mas isso não é possível para a biosfera,
para o ar ou as águas do nosso planeta.
Outro aspecto do caráter mundial que
a crise ambiental possui é que praticamente tudo o que ocorre nos demais países
acaba nos afetando. Até algumas décadas atrás era comum a opinião de que
ninguém tem nada a ver com os outros,
cada país pode fazer o que bem entender com o seu território e com as suas
paisagens naturais. Hoje isso começa a mudar. Vai ficando claro que explosões
atômicas russas ou norte-americanas, mesmo realizadas no subsolo ou em áreas
desérticas desses países, acabam mais cedo ou
mais tarde nos contaminando pela propagação da radiação. Também a
poluição dos mares e oceanos (e até dos rios, que afinal desembocam no mar),
mesmo realizada na litoral de algum país, acaba se propagando, atingindo com o
tempo outros países. As enormes queimadas de florestas na África ou na América
do Sul não dizem respeito unicamente aos países que as praticam; elas fazem
diminuir a massa vegetal sobre o planeta ( e as plantas, pela fotossíntese,
contribuem para a renovação do oxigênio do ar) e, o que é mais importante,
liberam enormes quantidades de gás carbônico na atmosfera, fato que acaba por
atingir a todos os seres humanos. Inúmeros outros exemplos poderiam ser
mencionados. Todos eles levam à conclusão de que a questão do meio ambiente é
mundial e é necessário criar formas de proteção da natureza que sejam
planetárias, que não fiquem dependentes somente de interesses locais - e as
vezes mesquinhos - dos governos nacionais.
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