A
BIODIVERSIDADE
Um elemento que ganha crescente
destaque dentro da questão ambiental é a biodiversidade, ou diversidade
biológica ( de espécies animais e vegetais, de fungos e microrganismos).
Preservar a biodiversidade é condição básica para manter um meio ambiente sadio
no planeta: todos os seres vivos são interdependentes, participam de cadeias
alimentares ou reprodutivas, e sabidamente os ecossistemas mais complexos, com
maior diversidade de espécies, são aqueles mais duráveis e com maior capacidade
de adaptação às mudanças ambientais. Além disso, a biodiversidade é fundamental
para a biotecnologia que, como já vimos, é uma das indústrias mais promissoras
na Terceira Revolução Industrial que se desenvolve atualmente.
A humanidade já catalogou e definiu
quase 1,5 bilhão de organismos, mas isso é muito pouco: calcula-se que o número
total deles na Terra chegue a no mínimo 10 bilhões e talvez até a 100 bilhões!
E a cada ano milhares de espécies são exterminadas para sempre, numa proporção
que pode atingir 30% das espécies totais dentro de três décadas, se o atual
ritmo de queimada e desmatamentos nas florestas tropicais ( as mais ricas em
biodiversidade), de poluição nas águas, etc. continuar acelerado. Isso é
catastrófico, pois essas espécies foram o resultado de milhões de anos de
evolução no planeta, e com essa perda a biosfera vai ficando mais empobrecida
em diversidade biológica, o que e perigoso para o sistema de vida como um todo.
Não podemos esquecer a importância
econômica e até medicinal de cada
espécie. Por exemplo: as flores que cultivamos em jardins e os frutos e
hortaliças que comemos são todos derivados de espécies selvagens. O processo de
criar novas variedades, com cruzamentos ou com manipulação genética, produz
plantas híbridas mais frágeis que as nativas, mais suscetíveis a doenças ou ao
ataque de predadores, que necessitam portanto de mais proteção para
sobreviverem e, de tempos em tempos, precisam de um novo material genético para
serem corrigidas e continuarem produzindo colheitas. Por isso, precisamos ter a
maior diversidade possível, principalmente das plantas selvagens ou nativas,
pois são elas que irão fornecer esse novo material genético.
Os organismos constituem a fonte
original dos princípios ativos* dos remédios, mesmo que estes posteriormente
sejam produzidos artificialmente em laboratórios. Os antibióticos, por exemplo,
foram descobertos a partir do bolor ( fungos que vivem em matéria orgânica por
eles decomposta); e a aspirina veio originalmente do chá de uma casca de árvore
da Inglaterra. É por isso que há tanto interesse atualmente em pesquisas de
florestas tropicais ou dos oceanos, em mapeamento genético de organismos. A
grande esperança de um novo tipo de desenvolvimento, menos poluidor que o
atual, está principalmente na biotecnologia: produzir fontes de energia ou
plásticas a partir de bactérias, alimentos em massa a partir de algas marinhas,
remédios eficazes contra doenças que matam milhões a cada ano originados de
novos princípios ativos de microrganismos ou plantas, etc.
A biodiversidade, assim, é também
uma fonte potencial de imensas riquezas e o grande problema que se coloca é
saber quem vai lucrar com isso: se os países ricos, que detêm a tecnologia
essencial para descobrir novos princípios ativos e fabricá-los , ou se os
países detentores das grandes reservas de biodiversidade, das florestas
tropicais em especial. O mais provável é um acordo para compartilhar por igual
as descobertas e os lucros, mas ainda estamos longe disso. Os países
desenvolvidos, como sempre, têm um trunfo na mão, a tecnologia; mas alguns
países subdesenvolvidos, os que têm grandes reservas de biodiversidade, têm
agora outro trunfo, uma nova forma de matéria-prima que não está em processo de
desvalorização, como as demais ( os minérios e os produtos agrícolas).
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